Fora algumas aparições televisivas e uma participação de última hora em um concerto na Holanda em março, o Who sumiu de vista nos primeiros meses de 1973. Enquanto Pete Townshend se esforçava para reunir o material necessário para um novo projeto (e tentava ajudar seu amigo Eric Clapton a se livrar do vício em heroína), seus companheiros de banda ocupavam o tempo livre com projetos paralelos - John Entwistle lançando seu terceiro álbum (Rigor Mortis Sets In), Keith Moon gravando uma série de programas para a rádio BBC1 e Roger Daltrey estreando carreira solo, alcançando sucesso significativo com o single "Giving It All Away".
Nesse meio tempo, insatisfeito com a situação dos estúdios em Londres, o Who compra uma antiga igreja em Battersea com a intenção de montar seu próprio local de ensaios e gravações. O Ramport Studio (apelidado de "the Kitchen") não estava nem perto de ser finalizado quando em maio, sob o comando de Pete, os trabalhos no álbum mais ambicioso e complexo da carreira da banda tiveram início - num estúdio em obras, sem um produtor e em som quadrifônico (um novo método de gravação que ainda dava seus primeiros passos). Adicionando ainda mais tensão a essa atmosfera estava a auditoria financeira que Roger abriu contra os dois empresários do Who, Kit Lambert e Chris Stamp. A princípio Pete recusou-se a entrar na briga, baseado em parte na lealdade àqueles que ajudaram a impulsionar a carreira do grupo, mas particularmente por medo de perder o catalisador criativo que ele via em Lambert - embora essa figura já estivesse ausente há muito.
A situação chegou a um clima insuportável quando Lambert decidiu que seu papel na gravação do novo álbum seria a de organizar banquetes para os músicos, antes de cancelar os cheques destinados a obras de emergência no Ramport e sumir para seu palácio em Veneza, permanecendo incomunicável. A última gota para Pete foi descobrir que seu rendimento de direitos autorais advindos dos EUA havia "desaparecido". Ele então juntou-se a Roger e a John para tomar ações legais contra seus agora ex-empresários. Keith preferiu ficar de fora.
Em outubro, o Who finalmente viu florescer o fruto de seis meses de trabalho em seu novo álbum. Batizado de Quadrophenia, conta a história da jornada de um Mod chamado Jimmy, cuja inquietude, frustração e desilução o empurram a uma situação inevitavelmente suicida. Analisando vários aspectos do movimento Mod - roupas, estilo, viagens a Brighton, drogas e até mesmo um concerto do Who - termina numa nota simbólica, com Jimmy finalmente encontrando o significado que tanto buscava para sua vida. Apesar da excelência do trabalho, a centralização de todos os aspectos da produção por Pete não agradou muito seus colegas, com tanto John quanto Roger reclamando que suas respectivas contribuições não se destacaram o bastante.
Apesar disso - e do atraso no lançamento do álbum devido a problemas na prensagem - o Who embarcou em sua primeira turnê pelos EUA e Reino Unido em dois anos. Mas ao contrário da transição surpreendentemente fácil de Tommy do estúdio para os palcos em 1969, desta vez as coisas não correram assim tão bem: Roger e Pete sentiram-se obrigados a explicar ao público leigo o significado das canções de Quadrophenia e sua bagagem Mod, explicações que soavam incompreensíveis para quem estava além das primeiras fileiras. Além disso o material do novo álbum baseava-se ao redor de complexas gravações de sintetizadores e efeitos, que se recusavam a funcionar em sincronia - praticamente enlouquecendo Townshend, que durante um show em Newcastle em novembro destruíu as gravações cuidadosamente preparadas por Bob Pridden, arrebentou sua guitarra e abandonou o palco. As brigas também estouravam nos bastidores: durante um ensaio, Roger nocauteou Pete com um soco, mandando-o direto para o hospital.
Entrementes o comportamento de Keith Moon tornava-se cada vez mais errático; abandonado por sua esposa Kim, que levou a única filha do casal consigo, o baterista afundou ainda mais no espiral de álcool e drogas, chegando inclusive a desmaiar durante uma apresentação em São Francisco (ainda em novembro) após ter sido dopado com tranquilizante de animais. Disposto a levar o show adiante, Pete recrutou um baterista da platéia, Scott Halpin, que tocou três músicas com a banda e voltou ao anonimato. Uma semana mais tarde, em Montreal, Canadá, todos os integrantes do Who e mais alguns membros de sua equipe de apoio foram parar atrás das grades, consequência da completa destruição de uma suíte de hotel depois que uma festa pós-show saiu de controle.
Após tantos problemas, com o passar de cada concerto mais e mais material de Quadrophenia foi sendo abandonado, o que abalou a confiança de Townshend. Inseguro e temendo o fracasso em ultrapassar os limites que impôs a si mesmo, ele começou a questionar a relevância do Who no cenário do rock.